Encantos do Ceará - Cultura Popular

Idolatrado e venerado em praticamente todo o Nordeste, é no Ceará que o Padre Cícero tem seu maior rebanho. Todos os anos, milhares de pessoas vêm de todo o Brasil e até de fora dele, buscar as bençãos do Santo Nordestino em Juazeiro do Norte, cidade histórica do Ceará onde o Padre viveu boa parte de sua vida.

                                       

A imagem do Padre Cícero está presente por todos os cantos da cidade de Fortaleza também. Seja em esculturas ou quadros, seja nas estampas das camisetas utilizadas pelas pessoas ou nos escapulários que podemos perceber adornando inclusive os turistas que transitam em grande número pelas ruas.
A ligação do povo cearense com a religiosidade é bem forte. O catolicismo antigo é a base da filosofia de vida da maioria das pessoas mais simples, e isso pode ser percebido fortemente nas manifestações culturais artísticas da região.

Não é difícil encontrar ambulantes vendendo imagens de santos esculpidos em madeira crua ou pinturas de entidades religiosas feitas a óleo em telas enormes. Observando bem, percebe-se que a religiosidade, mesmo que apenas ideológica ou mais abstrata, é algo presente no dia-a-dia da população cearense o que se reflete inclusive no modo de se vestir das mulheres mais velhas ou nas fitinhas de promessa que enfeitam os braços ou tornozelos dos mais jovens. Os pingentes em forma de terço ou cruz, também são ber frequentes por aqui da mesma forma que as cangas ou saídas de praia com estampas religiosas.

 

 Outro elemento clássico da cultura cearense é o cangaceiro. 
As referências ao homem do cangaço são inúmeras e compreendem todas as manifestações artísticas locais e até mesmo a moda.
Peças teatrais, músicas, esculturas, quadros, livros e tudo mais que se possa imaginar. O cangaceiro é um ícone eterno da cultura do povo cearense.

 

Virguino, o Lampião, é o representante maior dessa classe, figurando como fonte de orgulho, devido sua coragem e bravura. Maria Bonita, é símbolo da mulher nordestina. "Paraíba, masculina, mulher macho sim sinhô". Esta, apesar de bahiana, foi mulher do Virgulino e também, segundo a história, a primeira mulher cangaceira de que se tem registro. São ícones tão fortes que ambos podem ser encontrados eternizados em diversas estampas de roupas, numa manifestação que pode inclusive ser comparada à exploração da imagem de Tche Guevara em camisetas e afins.

  Chinelos estilo "havaianas" com estampa do Lampião e Maria Bonita

       Estampa de camisa com desenho do Lampião

O couro e os tecidos naturais usados pelos cangaceiros e pelos sertanejos simples da região, são também fortes elementos da moda local. Presentes em acessórios e em detalhes decorativos de outras peças do vestuário como calças, vestidos, biquines e blusas femininas.

  

  As sandálias de couro estão nos pés de praticamente todos os Cearenses

O vintage, o desgaste das roupas dos vaqueiros, com aspectos sujos e detonados acabam figurando como grande fonte de inspiração. Os tons de cru e os acabamentos primários, onde as costuras feitas manualmente e às pressas saltam às vistas, acabam por compor um conjunto extremamente rico de referências que podem e devem ser exploradas.

      O cangaceiro / vaqueiro e seus trajes típicos

     Bolsa feminina toda confeccionada em tecido natural

 

Outra tendência muito forte que pode ser percebida por aqui é a do contraponto feito entre a mulher nordestina, masculinizada e guerreira, muito bem representada na figura de Maria Bonita, versus a mulher nordestina doce e delicada, iconizada na índia Iracema "a virgem dos lábios de mel" do escritor nordestino José de Alencar. 

 

Blua feminina com estampa Maria Bonita romântica

A cartela de cores vai desde os tons apastelados e crus, mais comuns aos homens do sertão e do cangaço, até as cores mais fortes e vibrantes dos artesanatos locais e que podem ser vistas em grande número pelas ruas vestindo as mulheres cearenses.
Essa dualidade da nordestina está presente em diversos "momentos". Por toda a cidade de Fortaleza, inúmeras obras de arte trazem a imagem de uma Maria Bonita doce, bela e envolvente. Uma mulher que apesar do chapéu de cangaceira e do ar austero, figura cercada por flores e em cenários delicados.